terça-feira, 30 de junho de 2015

Pibid leva futuro professor a conhecer realidade que o espera

O Pibid se difere do programa de iniciação científica porque seu funcionamento depende de um ente externo à universidade: a escola. Para conceder uma bolsa no programa de iniciação científica, a Capes exige que os projetos de pesquisa tenham a participação de estudantes e coordenadores. No de iniciação à docência, além disso, um professor da educação básica precisa atuar como supervisor desses alunos.


Nas escolas (estaduais ou municipais) parceiras das instituições de ensino superior (públicas e comunitárias apenas) que fazem parte do Pibid, a primeira tarefa dos universitários é realizar um diagnóstico do ensino da disciplina que estuda. Depois, junto com os coordenadores do curso, eles bolam estratégias para ajudar os alunos daquele colégio a aprender melhor. Por fim, as propostas são apresentadas e discutidas com os professores supervisores.

Em geral, os estudantes das licenciaturas criam jogos, brincadeiras, experimentos e atividades em laboratórios para auxiliar os professores a ensinar determinados conteúdos. Não raro, a presença dos universitários nas escolas permite a abertura de laboratórios que ficam fechados. Além disso, os alunos – de ensino médio, fundamental ou Educação de Jovens e Adultos (EJA) – recebem atenção individualizada, que o professor não consegue dar em turmas cheias.

A aplicação das atividades criadas pelos futuros professores é feita por eles. Os supervisores observam, auxiliam, aconselham. Mas deixam os estudantes serem protagonistas e não apenas observadores. “Eles têm papel ativo nas aulas, por isso o programa funciona bem. Na sala, eles são chamados de professores, como eu”, conta a professora de biologia Marta Miriam Almeida Santos, supervisora da Escola Estadual Apparecida Rahal em Itaquera (SP).

A postura, de acordo com os próprios supervisores, é bastante diferente da mantida com os estagiários. Perto da conclusão do curso, todo estudante de licenciatura precisa fazer um estágio obrigatório, que muitas vezes não acontece na prática. Alguns conseguem documentos declarando que cumpriram as horas exigidas sem pisar em sala de aula. E os que de fato comparecem têm papel quase figurativo: apenas observam os professores regentes.

“Os estágios obrigatórios passaram por um processo de burocratização, ganharam uma feição um pouco cartorial. O Pibid valoriza a licenciatura, promove um novo olhar sobre o currículo dos cursos e uma aproximação inédita da instituição com a escola pública”, avalia Fernando Haddad. Para Haddad, a relação tensa entre a escola e a academia, acusada de apontar caminhos distantes da realidade tende a acabar a partir dessa integração.

É verdade que muitos professores ainda resistem a abrir as portas das salas aos novatos, mas quem toma essa atitude se diz renovado. Marianina Atoiantz, professora de matemática há cerca de 20 anos, diz que aprende com os alunos. “Eles chegam com materiais e jogos para ensinar certos conteúdos e eu digo: como não pensei nisso antes?”, conta.

Stefane Paula de Faria, professora de química da Escola Apparecida Rahal, assim como Marta, professora de biologia, se sente estimulada a aprender mais com a presença dos alunos. “Faz muita falta na formação dos professores unir a teoria e a prática. Essa é uma chance que dará uma visão mais ampla a esses jovens”, diz.

Roseli Rodrigues da Silva, 37, Maria Cristine Kowalski, 26, Rafael de Comi, 49, e Lúcio Flávio Santos, 25, são estudantes do 3º semestre de matemática do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) e bolsistas de Marianina, na Escola Estadual Oswaldo Aranha, em São Paulo. Na escola, que é referência de qualidade, eles já experimentaram a interdisciplinaridade. Marianina pediu que eles ajudassem uma professora de física a ensinar o conteúdo matemático essencial para a aprendizagem da física.

Eles se sentem privilegiados por aprender os meandros da profissão com uma educadora apaixonada. Rafael abandonou o emprego em horário integral para viver com a bolsa de R$ 400 oferecida pelo Pibid e alguns bicos, e ter mais tempo para a sua formação. “Quero ter o perfil dela quando for professor, observar as necessidades dos alunos e fazê-los aprender”, afirma Rafael.

Maria Cristine ressalta a importância para que os universitários, que pagam mensalidades, tenham essa oportunidade. É uma chance de mais dedicação ao curso, com uma segurança financeira, mesmo que pequena. 

Carolina Espalaor, 21 anos, estudante de biologia do IFSP, admite que estava perdida quando entrou na faculdade. Não pensava em ser professora. Candidatou-se ao Pibid para conhecer melhor a profissão e agora tem certeza do que quer. As alunas da Unasp Roseane Siqueira, 42, (pedagogia) e Suely Ferreira, 24, (matemática) garantem que estão preparadas para os desafios da sala de aula. “A gente se sente parte do processo”, completa Bruna Daniela Weber, 21, estudante do 5º semestre de biologia na Unasp.

Fonte: IG

Nenhum comentário:

Postar um comentário