quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Produtivismo no campo acadêmico: o engodo dos números

Antonio Ozaí da Silva*
"Há gente demais desesperada em publicar”
(Lindsay Waters, 2006, p.88).

“... a política de “panelas” acadêmicas de corredor universitário e a publicação a qualquer preço de um texto qualquer se constituem no metro para medir o sucesso universitário. Nesse universo não cabe uma simples pergunta: o conhecimento a quem e para que serve?”
Maurício Tragtenberg1

Os números apontam crescimento da produção científica. A reitora da USP, por exemplo, comemora a classificação da instituição no ranking do Higher Education Evaluation & Accreditation Council of Taiwain, segundo ela “um dos mais aceitos no cenário mundial”. Os dados apresentados indicam que a USP subiu 22 posições em relação a 2008, ocupando o 78º lugar no ranking. Assim, está entre as mais prestigiadas instituições universitárias do mundo e é considerada a primeira na América Latina e no Brasil. Para Suely Vilela, isto “reflete a qualidade da pesquisa desenvolvida por docentes e estudantes da universidade e repercute o aumento substantivo (58,1%) da produção científica indexada de 2005 a 2008, registrando-se, nos últimos dois anos, crescimento de 26%”.

Fico orgulhoso em saber que a instituição que me acolheu para fazer o doutorado foi tão bem classificada por um organismo que parece de suma importância. Fecho o jornal e acesso o site da instituição na qual trabalho. A UEM, afirma o texto, “é novamente a melhor universidade do Paraná pelo segundo ano consecutivo, conforme o ranking do Ministério da Educação (MEC), divulgado, hoje (31), e que é baseado no Índice Geral de Cursos (IGC). O IGC sintetiza em um único indicador a qualidade de todos os cursos de graduação, mestrado e doutorado. Além disso, divide as instituições por valores contínuos que vão de 0 a 500 pontos e em faixas que vão de 1 a 5”. A UEM “saltou para 343 (dois pontos a mais que o obtido no ranking anterior), e o conceito se manteve na faixa 4.”

Quanto contentamento e orgulho! Quase explodo de emoção. Afinal, os números dizem tudo: somos os primeiros. Imagino que a qualidade de ensino em nossa universidade deve estar otimamente bem. A pesquisa, então, deve superar todas as expectativas. Por curiosidade, acesso a página da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e o meu orgulho se expande sem limites. Vejo que estamos entre as 20 melhores instituições em todo o Brasil.4 Não é pouca coisa!

Os números nos deixam otimistas, mas não dizem muito sobre a realidade das estruturas de poder e os aspectos psíquicos, sociais e políticos que envolvem a pressão para publicar. Os dados estatísticos são frios, próprios do pensamento positivista imperante que deseja quantificar tudo. Mas como quantificar a angústia, o sofrimento humano dos que estão submetidos à pressão para publicar? Como quantificar o que sente aquele que não consegue se adequar a esta exigência? Nem todos somos escritores, nem todos temos os mesmos recursos e habilidades. Nem todos querem escrever e publicar. No entanto, não publicar é uma espécie de suicídio acadêmico e a condenação à exclusão. Os números nada dizem sobre a qualidade do que é publicado. É preciso repetir: “Quantidade não é qualidade!”. Não faz muito tempo, o intelectual produzia uma a três obras em toda a vida e era reconhecida a sua importância. Intelectuais como Maurício Tragtenberg seriam pessimamente avaliados pelos critérios produtivistas da atualidade.

Pelos critérios burocráticos acadêmicos de hoje, um livro cuja tiragem seja apenas 500 exemplares, desde que chancelado pela autoridade “científica”, tem mais valor do que um livro cuja tiragem tenha ultrapassado os dez mil e que tenha conquistado público e uma certa relevância político-social. E isto desconsiderando que muitas tiragens terminam por cumprir a função social de contribuir com os que precisam viver da venda de lixo reciclável. Para o autor, valeu o aprendizado e, principalmente, os pontos que soma na carreira acadêmica

Agora, querem até mesmo classificar os livros publicados, “qualificá-los” à maneira do “Qualis”. O poder burocrático quer determinar o que é e o que não é relevante. Talvez imagine que seus critérios e métodos avaliativos são neutros e imparciais. O resultado será o fortalecimento do professor-burocrata e a imposição de uma hierarquização de obras e autores. Até onde vai esta mania de quantificar e classificar? Recuso-me a ser avaliado por estes experts. Não escrevo para eles, e por mais que quantifiquem não poderão medir adequadamente os efeitos positivos e/ou negativos do que é publicado.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Capes lança formulário de acompanhamento do Pibid

A Capes disponibilizou para os integrantes do PIBID de todo o país (coordenadores de área, supervisores e alunos de iniciação à docência) um formulário de acompanhamento das atividades desenvolvidas nos grupos integrantes do programa. Seu preenchimento é obrigatório e faz parte da dinâmica de acompanhamento e avaliação dos resultados do programa. Essa etapa é fundamental para que o impacto do Pibid na formação docente seja conhecido, bem como para que sejam feitos realinhamentos, ajustes e melhoramentos nesta importante política pública voltada à valorização do magistério. 


O prazo para preenchimento e envio deste formulário é 10 de dezembro de 2012. 

Clique no link abaixo e faça sua avaliação.
Formulário